domingo, 9 de novembro de 2014

Teologia do Antigo Testamento (aulas dos dias 10/10/2014, 27/10/2014 e 03/11/2014)



10/10/2014 – TEOLOGIA DOS DEZ MANDAMENTOS - CRITÉRIOS

Os 2 primeiros têm a ver com a singularidade e a incomparabilidade de Deus, sendo eles os mais importantes; se os dois primeiros não forem observados, os demais não terão nenhuma importância. O terceiro mandamento lida com a observação do Sábado. Os últimos seis mandamentos são de natureza interpessoal, começando com o reconhecimento da posição e da autoridade dos pais. O quarto mandamento é uma transição para os seis restantes pelo fato de que tem a ver com o relacionamento do homem com o dia de descanso.

PRINCÍPIO DE EXCLUSIVIDADE E MONOTEÍSMO

Sem dúvida alguma, nesta época a fé monoteísta já fazia parte da vida religiosa, portanto, a intenção de Deus foi deixar claro a falácia das outras divindades. O sentido literal desse mandamento é “que não haja para vocês, outros deuses em meu lugar.” As outras nações de fato acreditavam em outras deidades, mas Deus determina que para o povo de Israel ele era exclusivo.
As grandes civilizações do mundo, do Oriente Próximo, estavam mergulhadas em uma visão do mundo que busca explicar todos os fenômenos, tanto naturais como sobrenaturais, como manifestações de incontáveis deusas e deusas; para estes povos seus deuses tinham que ser apaziguados a fim de não descarregarem sua ira e sua vingança sobre a humanidade. Por esta razão, Israel que vivia nesse ambiente, é lembrado por Deus de sua única e exclusiva existência.
Para a mentalidade pagã era difícil, ou impossível, compreender a noção da invisibilidade dos deuses, pois estes estavam sempre representados fisicamente. Os ídolos e as imagens com certeza eram apenas representações de seres invisíveis, cuja realidade só seria avaliada por meio de um ser visível.
Os profetas posteriores declaram o mal e a insensatez da adoração de ídolos, e o fazem muitas vezes de forma sarcástica, como por exemplo Isaías quando perguntou “com que vocês compararão Deus? Como poderão representa-lo?” (Is 40:18). A seguir, Isaías menciona que as imagens são feitas pelo homem. Elas são feitas em moldes e vestidas com ornamentos de ouro e prata. Isaías fala também que se pessoa fosse muito pobre, faria um de madeira. Nesse mesmo texto Isaías conclui falando da importância dos ídolos.
O decálogo então afirma em termos claros a razão pela qual Israel deveria rejeitar totalmente a idolatria, ou seja, pelo fato de que Deus é um Deus altamente zeloso primeiro de si mesmo.
O Senhor, além da iniciativa de escolher Israel, também prometeu manter uma aliança de amor com esse povo, implicado isto em Aliança com aqueles que o amassem e observassem seus mandamentos. Isto significa dizer que relacionamento com Deus exige reciprocidade, ou seja, os que rejeitassem e desobedecessem, seriam punidos, mas os que o amassem e a Ele obedecessem, seriam beneficiários da sua lealdade.


QUINTO MANDAMENTO: Deus criador é soberano, no entanto, ele escolheu executar seu governo por intermédio da humanidade. Isso começa na esfera do casamento e da família. O modelo do Antigo Testamento é basicamente patriarcal, fazendo com que os pais criassem seus filhos observando os preceitos de Deus.
No quinto mandamento o verbo honrar (kabbed) tem o sentido literal de: ”ver com intensa autoridade e responsabilidade, digno de máximo respeito”. Diante disso, Deus impõe através do mandamento a bênção aos filhos que verdadeiramente honram pai e mãe.

SEXTO MANDAMENTO: O sexto mandamento afirma de modo rigoroso “Não matarás”. Na intenção de Deus está clara a ideia de que o homem, criado à sua imagem e semelhança, deve ser preservado em sua vida terrena. Na proposta de Deus, determinando não matar, está implícita a ideia de que matar o homem é atacar Deus, o que seria um ato extremo de não considerar o Deus criador do próprio homem.

03/11/2014 – TEOLOGIA DOS DEZ MANDAMENTOS (CONTINUAÇÃO)

SÉTIMO MANDAMENTO: O mandamento para não cometer adultério tem em primeiro plano, a ideia de proteção do relacionamento familiar; todavia, é também uma metáfora para descrever o relacionamento de Israel com Deus.
Na verdade essa ordem de Deus dada a Moisés para orientação do povo tem como finalidade a preservação do plano original de Deus.
Quando um homem trai uma mulher instala-se neste momento um ato de infidelidade/traição, conhecido então como adultério. Através dessa metáfora (relacionamento homem-mulher), Deus já está antevendo, em sua consciência, aquilo que poderá acontecer.
Na relação de Deus com Israel, o adultério não é um ato privado e isolado; na verdade ele trará consequências a toda comunidade.
Diante disso a infidelidade contra Deus. Nessa caso, a outro parceiro são os ídolos e os deuses das nações com os quais Israel “flertava”, situação que diversas vezes quase fez Israel sucumbir. O mandamento para evitar o adultério foi dado então, não só para manter a integridade da família, mas também para a concretização do papel de Israel entre as nações como semente. Uma Israel infiel não poderá jamais concretizar o Plano de Deus.

OITAVO MANDAMENTO: Na esfera do povo de Deus, Israel, é algo muito sério alguém se apropriar daquilo que pertencia a um concidadão, pois o que este concidadão possuía lhe havia chegado às mãos pelo próprio Deus, ou seja, no ambiente do povo de Deus, pegar algo de alguém era o mesmo que pegar do próprio Deus.
Em última instância tudo o que as pessoas possuem, é emprestado por Deus para elas e elas são responsáveis pela administração destas coisas.

NONO MANDAMENTO: Embora a proibição seja aplicada à mentira em geral, a linguagem técnica lá do ambiente de Israel, falso testemunho sugere um cenário legal numa corte ou tribunal onde um crime está sendo julgado.
As testemunhas eram essências para a determinação da culpa ou da inocência, no entanto, as pessoas chamadas a testemunhar deveriam dizer a verdade sobre o que viram e ouviram, caso contrário poderiam incriminar o inocente.

DÉCIMO MANDAMENTO: O último dos mandamentos de alguma maneira é um resumo dos demais. Ao orientar o povo sobre a cobiça, Deus, através de Moisés, está ensinando a prática da justiça.
Lembremos que ao afirmar “não cobiçarás”, Deus estabelece uma lista simples daquilo que não deverá ser cobiçado, começando pela casa, entendendo que casa, naquele contexto, incluía:
a) a família (não adulterarás);
b) escravos ( não furtarás);
c) animais (não furtarás);
d) Patrimônio (não furtarás).

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