MORAES, Eva Aparecida Rezende de, Interlocutores
e proposições: interfaces entre
Teologia e ciências modernas. In: A Teia do Conhecimento, Fé, Ciência e
Transdisciplinaridade. São Paulo: Paulinas. 2008, p. 99-132.
Doutora em Teologia, professora do Departamento de Teologia da PUC-RJ
Pós-graduada em Matemática com aplicação em álgebra, cálculo e física, pela Faculdade Fafi Pronafor, em Além Paraíba, desde 1983.
Doutora em Teologia pela PUC-Rio, em fundamentação trinitária
eclesiológica a partir de Yves Congar
e o Concílio Vaticano II, desde
2004.
Publicações: participações em livros; artigos na REB
(Revista Eclesiástica Brasileira) e na Revista de Teologia Atualidade da PUC-Rio;
artigos publicados em sites de internet.
A autora é teóloga católica e docente nessa área.
Tenta uma conciliação entre teologia e física quântica a partir dos
conhecimentos que têm e de uma análise da história da teologia e da ciência. É
habilidosa em construir paralelos entre teologia e ciência.
A autora tem como objetivo demonstrar a necessidade da
interdisciplinaridade e fazer aproximações entre a teologia e a Física moderna.
Começa falando da urgência bem como da possibilidade do diálogo interdisciplinar.
Essa é sua crença principal, de que tal diálogo é plenamente possível.
Depois passa a postular uma epistemologia que seja uma
ponte entre a Física moderna e a Teologia, a partir da crise dos paradigmas
científicos ocorridos no século XX.
Por fim, faz algumas aproximações entre descobertas da
Física e conteúdos teológicos.
I- Física e Teologia se distanciaram na história, porém
não foi sempre assim. A autora cita Rosenfeld, "A história do Universo é a
mãe de todas as histórias". (ROSENFELD: 2003). Cita o pensamento
de Marcelo Gleiser como representativo de cientistas atuais, afirmando que "há
proximidade entre razão e fé: o apetite pelo saber racional e o senso de
mistério inspiram o pensamento religioso e estão na raiz de toda ciência."
(GLEISER: 2001).
O universo em seus mistérios foi o motivador do surgimento tanto da religião quanto da ciência.
Já na Grécia iniciou-se uma leitura unívoca entre ciência
e religião. Pitágoras, Platão, Agostinho, Tomás de Aquino, Descartes, Spinoza e
Leibniz, demonstram, segundo a autora, "uma fusão íntima entre religião e
raciocínio, entre aspiração moral e admiração lógica pelo que é
intemporal". (101).
O divórcio (“o iluminismo e sua racionalidade dividiram
de forma radical o que sempre viera junto: Deus e o mundo".) inicia-se
em Isaac Newton, Galileu Galilei e o racionalismo seguinte.
Mas, depois das descobertas feitas pela Física Moderna
possibilitou-se uma aproximação epistemológica entre a ciência e a Teologia.
A etimologia da palavra "Universo" (Uni + verso) bem como o conhecimento
de que somos "pó de estrelas" e os três fatores que contribuem
para o processo científico de descrição do mundo natural
(dedução, indução e intuição) leva a pergunta: "Se o universo é assim interligado como pudemos um dia pensar que
o poderíamos explicar de forma isolada, com um único método de uma única
ciência?".
A Ciência não consegue responder essas perguntas: "Por que o Universo existe?". Perguntas científicas não devem ser feitas à Bíblia nem à igreja, mas se a questão é o significado ou o que se deve fazer, então sim. Tanto a Ciência passou a ser mais modesta no início do século XX como a Teologia também evoluiu.
("as teologias devem comunicar as verdades da fé usando linguagens e estruturas mentais diferentes")
As respostas que a natureza requer são múltiplas, portanto, requer-se a interdisciplinaridade.
Teologia utiliza o método racional a partir da metafísica.
Ciências utilizam o método racional a partir da experiência, mas mesmo no
método racional existe a abstração e a intuitividade: "mesmo as ciências exatas ou experimentais não são puramente racionais."
Os fenômenos não são sequenciais e sim concomitantes, portanto carece-se de não apenas uma moldura matemática, mas de insights que vêm na expressão de intuição e criatividade.
O diálogo entre ciência e religião é global e não local
ou reduzido. Assim deve haver uma parceria cooperativa: a religião sujeita seus
pressupostos à investigação científica e a ciência sujeita seus pressupostos ao
exame religioso.
A Física moderna sabe que não possui todas as respostas.
As situações humanas não se situam apenas entre o
saber científico, mas também em questões éticas e de valores.
ONTEM E HOJE: A Física e suas histórias
A noção sobre o átomo remonta a 600 antes de Cristo.
Lá também foram inventadas a matemática, a Filosofia e a especulação científica
sobre o universo. Paralelamente desenvolveram a arte e a religião. Tales: uma
visão orgânica da natureza (entidade dinâmica, em constante transformação);
Parmênides: cria no oposto, o essencial não pode transformar-se; Pitágoras:
união mística no estudo da natureza pela razão e a espiritualidade. Os números
seriam uma espécie de alfabeto simbólico da razão universal. Teoria e harmonia
são conceitos de Pitágoras;
Século XVI, o divórcio: Kepler, Galilei e Newton;
1789, Lavoisier: lei da conservação da massa (na natureza nada se cria, tudo se
transforma); Século XIX: raio X, as ondas de rádio; Século XX: uma
revira-volta: o campo elétrico-magnético que transporta ondas.
A partir de então o mundo, a matéria, o universo e o
ser humano não são mais tão simples de serem explicados. Ideias de espaço e tempo tornaram-se
arbitrárias.
Toda teoria científica é uma representação da natureza.
As teorias constroem uma teia entre os conceitos.
APROXIMAÇÕES
Relações de vizinhança.
Inter-relacionalidade: A igreja nasce da Trindade; as
ciências afirmam hoje que a natureza é uma e, ao mesmo tempo diversa; Em Deus
há alteridade e há mistério, assim como na matéria também (o campo magnético
que une forças elétricas e magnéticas, mas também é uma oposição de contrários);
Hierarquia: uma mesa é composta de
moléculas, por sua vez compostas de átomos, por sua vez compostos de elétrons,
nêutrons e prótons, e estes ainda compostos de partículas ainda menores. Assim
a hierarquia na igreja.
Investigação: Assim como no objeto existem todas as
respostas acerca dele próprio, também assim em Deus. Simplicidade: é a partir
dessa simplicidade básica que se forma a complexidade que nos rodeia: cerca de
90 tipos de átomos são necessários para a formação de todas as moléculas no
universo; toda matéria conhecida possui uma montagem surpreendentemente
simples; no DNA se encontra ao mesmo tempo toda a variedade da espécie humana assim como sua homogeneidade.
Ensino e revelação de Jesus acerca de Deus eram
simples;
A relatividade do tempo: o nosso tempo, o tempo de
Deus;
O micro e o macro;
A resposta cristã sobre quem criou deve ser ao menos
respeitada como possibilidade e probabilidade. Dança de destruição e criação;
CONCLUSÃO
A finalidade do pensar teológico é acreditar com razão
e raciocinar com fé. Saber as respostas não é o mais importante.
Caiu no Trabalho em classe: Eva Aparecida
Rezende de Moraes, doutora em teologia e pós-graduada em matemática escreveu em
seu texto Interlocutores e proposições: interfaces entre Teologia e ciências
modernas “Se o universo é assim interligado
como pudemos um dia pensar que o poderíamos explicar de forma isolada, com um
único método de uma única ciência?”. De que interligação ela estava falando?
Explique em suas palavras essa interligação no Universo.
QUEIRUGA, Andrés Torres, Relação
atual(izada) entre a religião e a ciência. In: A Teia do Conhecimento:
Fé, Ciência e Transdisciplinaridade. São Paulo: Paulinas. 2008, p. 37-52.
Doutor em Filosofia e Teologia, professor de Filosofia
da Religião na Universidade de Santiago. É membro da Real Academia Galega desde
1980 e do Conselho de Cultura Galega, diretor de Encrucillada. Revista Galega de Pensamento Cristián e membro dos
conselhos de redação de lglesia Viva, Sal
Terrae, Revista Portuguesa de Filosofia e Concilium. Conquistou o Prêmio da
Crítica de Ensaio em 1977 e 1985, o Prêmio de Investigação Losada Diéguez em
1996 e o Prêmi o Trasalba (Otero Pedraio) em 2003. Foi nomeado galego egrégio
em 1994.
O autor escreve numa perspectiva moderna que procura enxergar a criação
de Deus como um eterno ato de amor e doação do Ser divino, sendo essa a
essência da Sua revelação, a sua divina presença no universo que criou e nos
seres. A revelação de Deus não é algo de fora para dentro no sentido de algo
novo que é dirigido ao ser humano (profeta, santo), mas é essencialmente algo
de dentro para dentro. É o reconhecer a voz e o sopro divino dentro de si,
motivado pela escritura bíblica e pelo movimento do Espírito de Deus. Com essa perspectiva
o autor está de pronto aberto a ouvir as ciências e a reconhecer nelas também o
alcance da revelação de Deus.
O autor apregoa uma evolução no tratamento da relação teologia e
ciência. Vê como ridículas as controvérsias que ainda se encontram hoje acerca
de evolucionismo e criacionismo porque se mantêm presas aos antigos esquemas de
conflito e não de reconhecimento de que ambas atuam em campos diferenciados e
em planos conceituais distintos.
As verdadeiras questões a serem tratadas, segundo o autor, são aquelas
que "assumindo com plena consequência a mudança de paradigma, chamam a uma
nova consideração global ou, a um repensamento dos grandes temas da nossa fé e
à recuperação da experiência em que se fundam." São esses temas,
repensados, que o autor pretende abordar em seu artigo.
Primeiro mostra a possibilidade desse repensar, remontando a Galileu,
cuja genialidade consiste em ter sugerido a mudança de plano. A teologia
deveria se ocupar de seu próprio campo e a ciência (astronomia) do seu próprio,
também. Sua proposta não era destruir nada nem negar e sim reivindicar um
espaço próprio para a ciência. Subjacente a isso estava a ideia de que o mundo
é autônomo em todos e em cada um dos seus funcionamentos empíricos. O próprio
Concílio Vaticano li, séculos mais tarde, reconheceria essa diferenciação de
planos.
Os temas, então, a serem reelaborados, segundo o autor
são o sentido da ação de Deus no mundo. O
conflito fez necessária uma mudança radical na visão da ação de Deus no mundo
porque, obviamente, em um universo de leis próprias não se podia continuar
falando de um intervencionismo divino interferindo nos acontecimentos do mundo. O Deísmo foi uma
resposta incompleta, fadada ao fracasso, pois de início "não fez jus à justa exigência religiosa de uma presença viva de
Deus no universo".
Tampouco a reação ortodoxa (teísmo) a que o autor chama de "deísmo
intervencionista" soube lidar com esse tema da ação de Deus no mundo.
Enquanto se aceita o universo com suas leis próprias, procura-se ver a ação
de Deus nos "espaços ocos" em que as leis naturais ou o esforço
humano fracassam ou parecem fracassar. Daí vem o pedir a Deus para chover ou
pela cura de um enfermo. Segundo o autor essa visão fundamenta-se tradição já
caducada que precisa ser substituída.
A criação, segundo ele, mostra que Deus não precisa intervir no mundo,
porque já está sempre presente nele "Meu Pai trabalha sempre". Como
pessoa moderna o cristão pode e deve aceitar que o mundo está entregue à nossa
responsabilidade. Essa responsabilidade é uma responsabilidade agraciada a
filhos.
Disso resultam as seguintes considerações: uma nova
relação entre a ciência e a Teologia. A legitimidade científica da evolução de
modo algum tem de interferir, conforme o autor, na verdade religiosa que atesta a
ação criadora. Se o Universo iniciou com um Big Bang ainda aí está implícita a
noção de criação.
Outra consideração importante é acerca da experiência cristã da graça. A
iniciativa absoluta tanto de criar-nos como de salvar-nos é de
Deus cabendo ao ser humano a resposta a essa iniciativa. O grande problema é
quando, e isto acontece, nós desejamos nos tornar os primeiros e não os
segundos em relação à graça de Deus.
O modo da oração, outra consideração importante. Será que "recordar
a Deus", pedir para Ele atuar nas necessidades de vítimas do terceiro
mundo e em doenças, tentarmos convencê-lo não causa um grave dano à imagem de
Deus e fere a delicadeza de seu amor, uma vez que o tornamos exclusivista e
caprichoso?
A questão do milagre e do mal. Ao contrário de o milagre representar uma
defesa da soberania de Deus, induz a uma deformação no conceito da sua ação,
pois sugere que essa ação nem é infinita nem é de iniciativa dele. O mal não é de
criação divina. É inerente à finitude da criatura, portanto resulta impossível
evitá-lo totalmente.
O autor propõe que a revelação de Deus é por outro lado o descobrimento humano do
Deus que se manifesta na sua criação. Ao invés do conceito tradicional de uma revelação
"caída do céu" ou através do milagre da "inspiração"
operando na mente do escritor. Além desse conceito tradicional, segundo o
autor, não ser pertinente nem significante (descamba para a inutilidade e
indiferença) ainda torna Deus responsável pelos erros "científicos" e
os horrores "éticos" presentes na tradição bíblica.
Esse conceito deturpado remonta à patrística e à escolástica e seu
endurecimento se deu mesmo em reação ao iluminismo.
A proposta do autor é uma concepção teônoma,
isto é, o mesmo Deus que atua no
universo através das leis físicas, o faz nos indivíduos através das leis
psíquicas. O profeta se dá conta de que Deus "mediante a sua presença
criadora está se manifestando, embora na experiência ordinária seja difícil
perceber... o Senhor está neste lugar e eu não sabia."
O que o profeta descobre não é uma realidade externa ou superposta, como
diz o autor, mas a única e concreta realidade
a qual deve ele percebê-la fundada e
animada pelo Deus que a cria e a salva. O profeta a verá não como um
intervencionismo milagroso, mas com a sua razão humana que "criada e
habitada também ela por Deus, consegue captar sua presença". Assim irá
compreendê-la como revelação no sentido
de que não descobriu algo por sua conta sobre Deus, mas apenas se deu conta do
que Deus estava fazendo todo o possível para manifestar-se.
Assim, conforme o autor, religiões outras e filósofos e pensadores
tangenciaram muitas verdades acerca desse Deus criador que fez de si a
"máxima revelação possível". Nessa visão, celebra o autor, "não
se negam as limitações, desvios e, ainda, perversões da história religiosa, mas
aparecem na sua justa perspectiva: não fruto de um silêncio ou ocultamento de
Deus mas produto da limitação ou da malícia humana".
Num diálogo da teologia com a ciência a visão do Deus criador com seu
amor sempre perene permite abrir novas possibilidades. O profeta é o primeiro a
dar-se conta da presença reveladora de Deus na realidade humana. Não descobre
algo exclusivo para si, mas algo que Deus
estava tratando de revelar a todos e a todas. Ao ouvir a
palavra profética a pessoa que a escuta é remetida à sua própria realidade e
verdade. O autor chama esse processo de "maiêutica". A palavra não introduz algo estranho e de fora mas ajuda quem a procura
a ver com os seus olhos a verdade mais íntima da própria realidade tal como ela
é enquanto sustentada, habitada e agraciada por Deus.
Maiêutica histórica no sentido de que o Deus criador e que ama renova e
impulsiona a história para a sua consumação final. Essa revelação só existe
"na acolhida humana a ela, a qual se realiza e avança no tempo."
Termos como fazer novas todas as coisas, novo nascimento e nova criação, fazem sentido nessa
perspectiva de avanço histórico e de novas e complementares percepções de Deus
na história.
A estrutura maiêutica oferece uma oportunidade de verificação. O próprio
indivíduo ao receber a interpretação da verdade divina que
se lhe apresente enxerga-se nela ou não,
verificando seu sentido ou não.
As crenças do autor principais são o rompimento da teologia com
a tradição caduca e ultrapassada que é vista no deísmo ou teísmo e
no conceito de revelação como algo vindo de fora através da inspiração. Nesse
sentido o autor distancia-se da fé histórica cristã e se aproxima mais da
ciência das religiões com a tendência de ver em todas as expressões humanas, sejam religiosas ou
de arte, etc., depositários da revelação divina.
Reconhecer os sinais da presença de Deus nas culturas e religiões não
requer que, necessariamente, se rompa com os conceitos acerca da revelação bíblica
e em Cristo.
O autor também parte do princípio que todos os seres humanos são filhos de Deus, isto é, estão numa
relação de amor com Ele e nem ventila o ensino dos apóstolos de que, na cruz,
Deus estava reconciliando consigo o mundo, isto é, aqueles que do mundo viessem a
crer em Cristo e em sua obra salvadora.
As chaves hermenêuticas utilizadas pelo autor são diferentes das
utilizadas pela fé cristã, ao longo da história. Eu diria que ele interpreta a
revelação bíblica do ponto de vista histórico e não filologicamente, como
parece ter sido
a intenção dos autores bíblicos.
Por outro lado, o autor tangencia questões altamente significativas. A
abertura a ver leis de
Deus no universo criado, não apenas físicas, mas psicológicas, sociais, biológicas,
etc.; A disposição de dialogar com as religiões de maneira tolerante e fraterna; o
reconhecimento de que a revelação divina não é estranha ao ser humano, mas,
quando olhada com fé, explica e ilumina
e faz a vida fazer sentido.
Contudo, no rumo do autor, deixar-se-á a Bíblia e a fé cristã histórica
para abraçar-se algo muito diverso disso.
A leitura é conquanto difícil intrigante também. Em que se pese que no
meio acadêmica essas são as tendências, cabe a nós que vemos na Bíblia a
revelação de Deus e na pessoa do Seu Filho Jesus, fazer frente a tais
tendências, compreendendo-as, despojando-as do que melhor tem e preservando
a verdade do evangelho de Jesus.
Caiu no Trabalho em Classe: André Torres
Queiruga, doutor em Filosofia e Teologia, no capítulo “Relação atual(izada) entre a
religião e a ciência” atribuiu a Galileu Galilei a genialidade da
mudança de paradigma no campo da busca do conhecimento. A que mudança de
paradigma Queiruga se referiu e o que essa mudança significou?
Mestre em
teologia em Roma e doutor em filosofia na Alemanha. Professor de Filosofia na
UFC.
Crenças,
teses, pensamento, conceitos...
O autor
entende que o diálogo entre ciências e teologias têm a ver numa compreensão da
diferença entre os as concepções teóricas de cada área e o logos diferenciado e
pertinente a cada quadro teórico em questão.
A relação
entre ciências e Filosofias e Teologias é muito mais profunda no mundo hodierno
porque as ciências constituem fator determinante de nossa cultura.
Nenhuma
forma de saber pode ter um saber plenamente adequado à realidade, antes, são
mutuamente complementares.
O campo
da teologia é a tematização da autorrevelação e autocomunicação de Deus à
humanidade através da história. A teologia busca exprimir a inteligibilidade do
todo da realidade a partir do evento da ação de Deus na história humana e é,
portanto, impelida a levar em consideração os saberes científicos, filosóficos,
comuns, a fim de cumprir sua tarefa.
Embora
não haja conflito em princípio entre Teologias e ciências, a prática tem levado
a grandes conflitos, os quais, muitas vezes, decorrem da não consideração da
diferença dos níveis de discursos. Exemplo: as atuais cosmologias e as
filosofias e teologias de outro.
As
ciências têm se orientado por mostrar a unidade fundamental da natureza, do
universo como um todo que, é composto de muitos elementos que se articulam
entre si como uma grande teia de relações. No entanto em seu quadro teórico, as
ciências não têm como atingir esse objetivo.
Exemplo é
a tentativa de demonstrar a origem do universo por parte de Stephen Hawking...
O universo começou e qualquer outra instância como, por exemplo, um criador, é
inútil para enfrentar tal problemática.
Já em
termos teológicos e filosóficos a questão transita por categorias categorias
filosóficas e teológicas: a criação não pode ser entendida como um evento no
início do tempo, mas tem a ver com a relação permanente entre o ser absoluto e
o contingente. O contingente só pode existir a partir de um ato do Absoluto, Necessário.
Assim, o teólogo e o filósofo afirmam que tudo que não é Deus é criado pelo
único Deus, ser absoluto pessoal.
O autor começa explanando que o entendimento
por parte do ser humano do mundo acontece no campo da linguística, através da
linguagem.
“Tanto
ciência como Filosofia e a Teologia têm a ver com exposição, com articulação do
saber que ocorre no seio da linguagem”.
A linguagem
tem duas classificações: as linguagens naturais, normais, empregadas pelos
diversos grupos humanos; as linguagens artificiais, as construídas, próprias de
cada saber ou campos teóricos, cujo objetivo é a apresentação descritiva ou
teórica do mundo (logos).
"...
o objetivo da linguagem científica e da linguagem teológica, que são teóricas,
é a expressão do mundo e de suas partes."
Linguagens
artificiais contem palavras, frases e teses. A tese (quadro teórico).
A
Filosofia tem seu campo de saber na totalidade do ser enquanto a ciência tem
seu campo de saber na compreensão dos entes através de suas estruturas particulares.
O campo
da teologia nasce da filosofia que concebe a existência do ser absoluto, de
quem procede todo o contingente (criação, etc.). A teologia terá como campo o
agir livre desse
Ser
Absoluto na história.
"As
teologias são um discurso humano, portanto uma atividade em que o que está em
jogo é a articulação teórica da inteligibilidade do conteúdo da fé enquanto
acolhimento da autocomunicação de Deus à humanidade ..."
Caiu no Trabalho em Classe: Manfredo Araújo de
Oliveira, mestre em teologia e doutor em filosofia, professor de Filosofia na
Universidade Federal do Ceará, afirma no texto exposto em classe que “Nenhuma forma de saber pode ter um saber
plenamente adequado à realidade, antes, são mutuamente complementares.”
Você concorda com isso? Explique essa afirmação do autor.
HEIMER, Haroldo. Sustentabilidade e cuidado. Contribuições de textos
bíblicos para uma espiritualidade ecológica. In : A teia do conhecimento: Fé,
ciência e transdisciplinaridade.
Doutor em
teologia, professor do departamento de Ciências da Religião da Universidade
Católica de Goiânia. A linha do autor é protestante liberal. Escreveu o livro
Toda a Criação: Bíblia e ecologia e tem dado palestras na área da teologia e ecologia.
O autor
inicia afirmando que a própria ciência não está segura de que a situação do
meio ambiente hoje é fruto de ações antrópicas (intervenções exacerbadas do ser
humano sobre a natureza) ou se é devido a mudanças climáticas decorridas de
fatores naturais cíclicos. Contudo, a postura ética no tempo presente precisa
ser construção de tradições de cuidado com o meio ambiente. Ele chama isso de
construção de uma "espiritualidade ecológica" cujo objetivo é tornar
a "pegada do homem" mais leve sobre o planeta.
O autor
faz uma tentativa de ler e reler os textos bíblicos resgatando tradições
pré-modernas e potencializar suas mensagens em tempos pós-modernos, isto é, construir
uma hermenêutica ecológica de textos bíblicos.
Essa
hermenêutica vai se construir a partir da realidade presente do intérprete que
com uma nova visão da realidade como sendo diversa e una, pertencente a um
todo, transdisciplinar se aproxima dos textos da tradição judaico-cristã para
enxergar neles mensagens que sejam relevantes a essa área de interesse e necessidade
atuais: o meio ambiente e o cuidado que se precisa ter dele.
O autor
aborda os relatos (míticos, segundo ele) da criação em Gênesis. Nesses relatos
fala-se do lugar do ser humano na criação. Os relatos não são antropocêntricos,
antes culminam no descanso sabático do criador (Gn 2.1-3).
As
atribuições de domínio (Gn 1.28) devem ser relativizadas em favor de uma
leitura que destaque o propósito da colocação do homem como o que trabalha e
cuida (Gn 2,15), bem como a relação intrínseca entre o Adam e a adamah.
Nas
tradições do sabático ver-se-á que a vida humana não tem o sentido na servidão
do trabalho, antes o trabalho necessário e gratificante precisa ser intermediado
por tempos de pausa e descanso. O sábado foi feito por causa do homem, segundo
Jesus. Juntamente à idéia do sábado vêm também idéias de descanso da terra,
libertação dos escravos, remissão de dívidas (ano aceitável).
Em
Deuteronômio 22.6-7 insights ecológicos sobre lidar com a fauna e a flora
Deuteronômio 20.19,20.
O texto
sobre a higiene em Deuteronômio 23.13-15 implica numa interpretação que faça o
homem "se converter" e amenizar suas intervenções sobre a terra que
lhe foi dada para morar.
O livro
de Jó merece uma leitura ecológica também, conforme o autor. A resposta de Deus
vem em termos de administração e gerenciamento da Sua criação. O livro de Jó
traz uma consciência não antropocêntrica da criação divina.
Nos
salmos em alguns lugares também se propicia uma leitura ecológica: Salmo 104 e
Salmo 8.
No Novo
Testamento as ênfases na gratuidade da vida, os gemidos da criação, no tema da
água.
Conclusão: A Bíblia tem suas intencionalidades enquanto obra literária e
teológica e, conquanto a ecologia não é seu centro, pode-se lê-la na
perspectiva de construir uma dimensão holística e superar as fragmentariedades
do viver, buscando sempre uma integração entre o grito dos pobres e os gemidos
da criação.
MILLEN, Maria Inês de Castro. A força da paraclese, In A teia do
conhecimento: Fé, ciência e transdisciplinaridade, pág. 265-270.
A
resiliência é um conceito psicológico emprestado da física: A capacidade de o
indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações
adversas - choque, estresse etc. - sem entrar em surto psicológico.
Administração de emoções
Refere-se
à habilidade de se manter sereno diante de uma situação de estresse.
Controle dos impulsos
É a
aprendizagem de não se levar impulsivamente pela experiência de uma emoção.
Otimismo
Nesse
fator. ocorre na resiliência a crença de que as coisas podem mudar para melhor.
Há um investimento contínuo de esperança e, por isso mesmo, a convicção da
capacidade de controlar o destino da vida, mesmo quando o poder de decisão
esteja fora das mãos.
Análise do ambiente
O quarto
fator é a análise do ambiente. Trata-se da capacidade de identificar
precisamente as causas dos problemas e das adversidades presentes no ambiente.
Essa possibilidade habilita a pessoa a se colocar em um lugar mais seguro ao
invés de se posicionar em situação de risco.
Empatia
A empatia
é o quinto fator que constitui a resiliência, significando a capacidade que o
ser humano tem de compreender os estados psicológicos dos outros (emoções e sentimentos)
(colocar-se no lugar do outro).
Autoeficácia
Um homem
alcoólatra propõe a si mesmo colocar em prática um destino longe desta doença
pela seguinte ação convicta: não dar o primeiro gole.
Alcance de pessoas
É a
capacidade que a pessoa tem de se vincular a outras pessoas para viabilizar
soluções para intempéries da vida, sem receios e medo do fracasso.
"Maria
Inês de Castro Millen: A força da paraclese"
Resiliência
vem da física que significa "propriedade pela qual a energia armazenada em
um corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão causadora da deformação elástica".
Isto é "a capacidade de um material de resistir ao choque." Ex.: os
barracos dos sem-terra, feitos de madeira e lona presos por tiras de câmara de
pneu. O amarrado fica preso e ao mesmo tempo flexível.
Passar
pelas adversidades da vida e conservar aptidões, acrescentando conhecimento e sabedoria
à própria história é a qualidade de pessoas resilientes.
Cicatrizes
não podem ser apagadas mas podem ser usadas a nosso favor, fazendo-as não mais
sangrar e tornarem-se fonte de estímulo a encontrar soluções criativas para o presente
e para o futuro.
"Paráclese"=
flexibilidade_ Resilientes são sempre os melhores encorajadores dos outros,
aqueles que sempre testemunharão que mesmo em situações adversas, resistir e esperar
é ainda a melhor solução.
"Curador
ferido" = ajudar as pessoas, ajudando-nos a nós mesmos.
Só
podemos ser curadores se seguirmos o "Salvador ferido".
1.
Encarar mudanças e dificuldades como oportunidades: "É aceitar que a
mudança é uma oportunidade de crescimento, ter a visão de que as adversidades enfrentadas
trazem essa possibilidade",
2. Autoconfiança:
"É a pessoa se sentir confiante para enfrentar desafios".
3.
Autoeficácia: "É acreditar na competência, se sentir capaz"
4. Bom
Humor: "As pessoas que tem bom humor se esforçam para tomar o ambiente mais
leve em situações difíceis".
5.
Controle emocional: "Quem tem autocontrole consegue expressar adequadamente
sua emoções o que permite enfrentar melhor situações difíceis".
6.
Empatia: "No ambiente de trabalho, as relações podem ficar desgastadas porque
são intensas e frequentes, por isso a importância da empatia é extrema" .
7.
Independência: "É não ter o receio de travar, de empacar".
8.
Otimismo: As pessoas com esta característica têm esperança no que está por vir em
suas vidas.
9.
Reflexão: Ter a capacidade de analisar e refletir quando o mundo esta desabando
ao seu redor.
10.
Sociabilidade: Está ligada ao bom relacionamento interpessoal. Quem tem esta característica
consegue criar vínculos com as outras pessoas.
11. Valores
positivos: Pessoas que seguem seus valores e princípios. "Cada um tem seus
próprios valores, ter essa orientação é que é muito importante".
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